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quarta-feira, 29 de abril de 2015



Enquanto Gabrielli foi presidente da Petrobras, a estatal perdeu R$ 17 milhões por dia

Em 2010, quando José Sérgio Gabrielli ainda comandava a estatal saqueada pelos quadrilheiros de estimação, Lula conferiu-lhe o título de “Melhor Presidente da História da Petrobras”. Num artigo publicado no Globo desta terça-feira e reproduzido na minha coluna, o jornalista José Casado fez algumas contas que desmoralizam mais uma bazófia. Gabrielli ficou no cargo seis anos e sete meses. Ou 2.370 dias.  Nesse período, a Petrobras encolheu em 41 bilhões e 200 milhões de reais.
Foram 17 milhões e 400 mil reais por dia. Ou 726 mil e 400 reais por hora. Detalhe: não entrou nessas contas a roubalheira do Petrolão. Ainda não se sabe com exatidão quantos pontapés Gabrielli desferiu no Código Penal, nem quais foram os artigos alvejados. O certo é que acabou de estabelecer um novo  recorde mundial de incompetência administrativa.
Augusto Nunes

domingo, 26 de abril de 2015

ALÔ, BLOGUEIROS SUJOS E LIMPINHOS! ENTREM NA MINHA CAMPANHA POR “CPI DOS BLOGS JÁ”! CHEGOU A HORA DE SABER QUEM PAGA QUEM E POR QUÊ!

Quero aqui hoje dar início a uma campanha nacional. E espero contar com a adesão de todos os blogueiros de esquerda — ou que, vá lá, se tornaram de esquerda depois que o PT chegou ao poder, já que alguns deles, no passado, têm relevantes serviços prestados à extrema direita. Vamos ver.
Leio na Folha que “O diretório estadual do PT, em São Paulo, vai entrar com representação no Ministério Público pedindo investigação sobre os pagamentos mensais efetuados há dois anos pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), por prestação de serviços de comunicação, à empresa de um blogueiro antipetista”. O jornal vai adiante: “Reportagem da Folha publicada no último sábado mostra que a Appendix Consultoria, contratada como prestadora de serviços de comunicação para a Secretaria de Estado da Cultura, criada pelo advogado e blogueiro Fernando Gouveia há dois anos, recebe dos cofres estaduais R$ 70 mil por mês para atualizar o portal e os perfis da secretaria nas redes sociais. Gouveia, que usa o pseudônimo Gravataí Merengue na internet, se apresenta como “CEO”, ou executivo principal, do site Implicante”.
Muito bem! Chegou na hora de a gente botar os pingos nos is dessa história. Blogueiros de todas as tendências, unamo-nos em favor da transparência!
Alô, senhores deputados!
Alô, senhores senadores!
Alô, ministro Edinho Silva!
Alô, presidente Dilma Rousseff!
Alô, prefeitos, governadores!
Chegou a hora de fazer uma CPI do Financiamento dos Blogs! Vamos ver quem paga quem! Vamos ver de onde vem a renda dos blogueiros “progressistas”, “reacionários”; “petistas”, “antipetistas”… FAÇAMOS ISSO EM ESCALA FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL.
QUEM TOPA A MINHA PROPOSTA?
Eu quero saber quanto a Petrobras deu a blogueiros nos últimos 12 anos.
Eu quero saber quanto o Banco do Brasil deu a blogueiros nos últimos 12 anos.
Eu quero saber quanto a Caixa Econômica Federal deu a blogueiros nos últimos 12 anos.
EU QUERO SABER QUANTO O BNDES ANDOU EMPRESTANDO A UM BLOGUEIRO, EM DINHEIRO VIVO, NOS ÚLTIMOS 12 ANOS.
Alô, blogueiros limpos e sujos! Vocês topam entrar em defesa de uma CPI dos Blogs? Vamos tentar entender como funciona essa máquina?
Eu quero saber os critérios usados pela Secom e pelas estatais para distribuir verba publicitária. É por número de leitores? É por trânsito? É por internautas? É por influência?
O PT quer investigar a Appendix Consultoria e o blogueiro Fernando Gouveia? Que se investigue! Mas por que só ele? E QUE SE NOTE: NÃO ESTOU PROPONDO QUE SE INVESTIGUE TODO MUNDO PARA QUE NÃO SE INVESTIGUE NINGUÉM. A PROPOSTA É PARA VALER.
Os petistas e esquerdistas aceitam essa minha proposta? Não? Por que não? Então que os tucanos e oposicionistas no geral comecem a recolher assinaturas em favor de uma CPI dos Blogs. Há valentes que se disfarçam de jornalistas que estão na lista de pagamento de Alberto Youssef e de outros envolvidos na Operação Lava Jato.
Pronto! FORNEÇO AQUI ATÉ O FATO DETERMINADO. Querem outro? Financiamento do BNDES a blogueiro. Com que propósito?
COVARDES PROPÕEM INVESTIGAR SÓ O BLOGUEIRO FERNANDO GOUVEIA. CORAJOSOS PROPÕEM INVESTIGAR TODAS AS FONTES PÚBLICAS DE FINANCIAMENTO DE TODOS OS BLOGUEIROS, NÃO IMPORTA A SUA TENDÊNCIA.
Alô, deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara! O senhor tem feito, até agora, no comando da Casa, um bom trabalho. Preste mais esse serviço à transparência! Aliás, o senhor é um dos alvos preferidos de alguns blogueiros financiados por estatais. Vamos nessa?
Aguardo a adesão de blogueiros sujos e limpinhos à minha proposta. Por uma CPI do Financiamento Público de Blogs já!
Não se acovardem, petistas! Conto com vocês!
Ministro Edinho, aguardo seu apoio à minha proposta. Vamos falar sobre mídia técnica, entre outros assuntos.
Luciano Coutinho, presidente do BNDES! Vamos explicar ao povo por que um blogueiro merece receber empréstimo de um banco de fomento, as condições em que o dinheiro foi dado e a forma de pagamento.
Senhores comandantes da CEF, do Banco do Brasil e da Petrobras! Deixem claro ao povo brasileiro o critério que bancos e empresas públicas usam para distribuir um dinheiro que é do… público!
Está feita a proposta! Tenho a certeza de que blogueiros de todas as tendências apoiarão a sugestão. Afinal, eles são todos muito corajosos.
Por Reinaldo Azevedo

Policia Federal acusa Janot de travar investigações


Para não inviabilizar a Lava Jato, procurador-geral da República precisa resolver a queda-de-braço com a PF, marcada por acusações mútuas

Claudio Dantas Sequeira (claudiodantas@istoe.com.br)
Nos últimos dias, o procurador-geral da República Rodrigo Janot foi tragado para dentro de uma nova polêmica envolvendo a Operação Lava Jato. A querela decorre do descompasso entre os trabalhos desenvolvidos na primeira instância e no Supremo Tribunal Federal, no que diz respeito aos acusados no Petrolão. Dois relógios que deveriam atuar em harmonia, hoje funcionam de maneiras distintas. 
Enquanto na primeira instância o juiz Sérgio Moro já decretou a sentença de condenação contra o núcleo administrativo e financeiro do esquema, no STF nenhuma denúncia sequer foi apresentada pelo Ministério Público Federal. Responsável pelas apurações relativas ao braço político do Petrolão, Janot é acusado pela Polícia Federal de travar a investigação, protelando oitivas de pelo menos sete inquéritos relacionados a 40 pessoas e alimentando uma antiga guerra de poderes entre procuradores e delegados. Nos bastidores, delegados se queixam que o procurador-geral quer para si o protagonismo da operação, submetendo a PF a seus desejos. Acusam-no ainda de estar usando a Lava Jato para garantir sua recondução ao cargo. De outro lado, o MP diz que a PF estica a corda de olho em aumentos salariais e numa autonomia orçamentária, administrativa e financeira em relação ao Ministério da Justiça.
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Desde que foi alçado ao posto, Janot tem atuado como um equilibrista para evitar incidir em equívocos cometidos por seus antecessores. Ele não quer agir de maneira açodada, para que não incorra no mesmo erro de Aristides Junqueira, responsável pela denúncia contra o então presidente Fernando Collor, que anos mais tarde seria inocentado pelo STF pela inconsistência das provas utilizadas. Nem pretende marcar seu trabalho pela lentidão, para não ser acusado de “engavetador-geral da União”, como Geraldo Brindeiro, conhecido por não dar andamento aos processos contra políticos durante o governo tucano.
O excesso de cuidados, no entanto, não impede o surgimento de problemas com os quais o procurador não esperava se deparar. Conforme apurou ISTOÉ, a contenda começou quando Janot telefonou para o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, no último dia 15, explicando que precisava adiar os depoimentos dos senadores Fernando Collor e Benedito de Lira, e do empresário Alexandrino Alencar, ex-diretor da Odebrecht, previstos para os dois dias subsequentes. O procurador explicou que aguardava o resultado das diligências que fundamentariam os interrogatórios. Daiello teria concordado em remarcar a data das oitivas e pediu que Janot formalizasse isso por ofício. No dia seguinte, porém, o diretor-geral da PF recuou. Alegou que os delegados não concordavam com o adiamento e que o caso deveria ser levado ao ministro Teori Zavascki, do STF. Assim foi feito e o relator acabou autorizando a mudança na agenda, num despacho em que reafirmou a competência do Ministério Público na condução do inquérito.
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Para integrantes do MPF ouvidos por ISTOÉ, a postura do diretor-geral da PF no episódio sugere que ele tem dificuldade em comandar sua tropa, daí o descompasso entre as duas instituições que deveriam trabalhar em harmonia. Essa situação teria se tornado ainda mais flagrante com a presença informal do delegado Luis Flávio Zampronha em diversas oitivas. Procuradores da força-tarefa questionaram a participação de Zampronha, alegando que o policial não foi designado oficialmente para a função. Próximo do ex-diretor da PF Paulo Lacerda, Zampronha integrou a Divisão de Combate a Crimes Financeiros da PF que investigou a fundo o mensalão. A expertise do delegado justificaria sua participação no caso, desde que isso fosse formalizado, alegam os procuradores. Caso contrário, só tende a alimentar a disputa entre a PF e o MPF e as insinuações mútuas de que alguém quer atrapalhar as investigações. “Não há necessidade de um ato formal. Nenhum delegado foi designado oficialmente”, rebateu Zampronha.
Certo é que, após a manifestação de Teori, a PF resolveu reagir por meio do presidente da Associação de Delegados da Polícia Federal (ADPF), Marcos Leôncio Ribeiro. Em nota, disse que os delegados federais estavam preocupados “com os prejuízos à investigação criminal” e com o “atraso de diligências”. Ato contínuo, em blogs surgiram acusações de que a PF estaria usando a Lava-Jato como barganha para aprovar a PEC 412, que prevê autonomia orçamentária, administrativa e financeira para a instituição. Audiências públicas de Leôncio com parlamentares para defender a “PEC da autonomia” foram interpretadas como provas de um “balcão de negócios”. “É uma insinuação ridícula e despropositada”, disse à ISTOÉ. É o que todos esperam.
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Fotos: Sergio Lima/Folhapress; Marcelo Ferreira/CB/D.A Press ; PAULO LISBOA/BRAZIL PHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO 

sexta-feira, 24 de abril de 2015

No mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, revelações do empreiteiro amigo empurram Lula para o pântano do Petrolão

Segundo a publicação, que estampa o título: "Empreiteira arrasta Lula para o meio do escândalo", a denúncia partiu do presidente da OAS, Léo Pinheiro, preso pela Polícia Federal e que promete levar à Justiça informações relevantes que ligam o líder petista ao mais recente esquema de corrupção chefiado pelo Partido dos Trabalhadores.
Por Augusto Antunes
Neste sábado, os leitores de VEJA saberão que o empreiteiro Leo Pinheiro, transferido da presidência da OAS para uma cadeia em Curitiba, fez revelações suficientes para tirar de vez o sono de Lula e estender por prazo indeterminado o sumiço do palanque ambulante. Como ainda não assinou um acordo de delação premiada, o empresário encarcerado talvez até se desminta em outro depoimento, para socorrer o chefe e amigo. É uma opção de alto risco: essa demonstração de fidelidade lhe custará alguns anos de prisão em regime fechado.
Seja qual for o caminho escolhido, o que Pinheiro já disse (e detalhou em copiosas anotações manuscritas) basta para incorporar ao elenco do Petrolão o protagonista que faltava. No mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, as relações promíscuas entre o manda-chuva da OAS e o reizinho do Brasil serão escancaradas nas oito páginas da reportagem de capa. Entre tantas histórias muito mal contadas, a dupla esbanja afinação especialmente em três, valorizadas pela participação de coadjuvantes que valorizam qualquer peça político-policial.

Num episódio, o ex-presidente induz Pinheiro a presenteá-lo com a reforma do sítio que, embora Lula o chame de seu, pertence oficialmente a um sócio do filho Lulinha. Noutro, um emissário do pedinte vocacional incumbe o empreiteiro de arranjar serviço e dinheiro para o marido de Rosemary Noronha, a ex-segunda-dama que ameaçava vingar-se do abandono com a abertura de uma assustadora caixa-preta. 

Mais além, o comandante da OAS cuida de desmatar o atalho que levou Lula a virar dono de um triplex no Guarujá.
A participação do ex-presidente no naufrágio da Petrobras ainda não entrou na mira da Polícia Federal. O inventor do Brasil Maravilha testá a um passo do pântano sem que tenha começado a devassa das catacumbas malcheirosas que ocultam a farra das refinarias inúteis e a montagem da diretoria infestada de ineptos e corruptos, fora o resto. Lula Pode estar aí a explicação para o estranho vídeo em que celebra as vantagens de um bom preparo físico. Vai precisar disso quando tiver de sair em desabalada carreira.


Como aumentar o peso do seu voto

O voto distrital aproxima o eleitor do seu representante no

 Congresso, melhora a fiscalização sobre os deputados e diminui

 a corrupção




Montagem sobre fotos IstockPhoto e Ilustrações Negreiros

O modelo brasileiro de votação para a Câmara dos Deputados faz duas
 vítimas a cada pleito: a lógica e o eleitor. A lógica, porque regras obtusas
 permitem, por exemplo, que votos dados a um candidato sejam usados
 para eleger outro. O eleitor, porque a ineficiência do processo faz com 
que, semanas depois de ir às urnas, ele mal lembre em quem votou
 (o que joga por terra o propósito essencial da eleição: selecionar 
representantes dos cidadãos no Congresso). A fim de corrigir essas
 distorções, um grupo de empresários e estudantes de São Paulo está 
propondo a adoção do voto distrital no Brasil. O modelo parte da divisão 
do país em distritos (no caso do Brasil, 513 - o mesmo número de 
cadeiras na Câmara), que elegeriam, cada um, o seu representante. 
Com base num estudo coordenado pelo estatístico Orjan Olsen, um
 dos maiores especialistas em opinião pública do país, os organizadores
 do movimento "Eu voto distrital" prepararam uma série de simulações
 que mostram como seria o Brasil sob esse novo modelo de votação
 (simulação). Uma delas revela que, se o sistema já estivesse em vigor
na eleição de 2010, o partido que mais perderia com ele seria o PT - o 
que explica o fato de a sigla ser desde já a inimiga número 1 da proposta, 
como deixou claro o seu projeto de reforma apresentado há duas semanas
 pelo deputado Henrique Fontana, uma empulhação que cria a estrovenga
 chamada "proporcional misto". Essa barbaridade saída da cabeça de 
José Dirceu, o poderoso chefão, equivale a afastar ainda mais o cidadão
 das decisões políticas. O voto distrital é uma alternativa para romper o
 ciclo vicioso da política brasileira, que tem início num sistema anacrônico,
 passa pela apatia do eleitor em relação ao Congresso e termina na
perpetuação da incompetência e da corrupção. Se, no fim desta reportagem,
você também ficar convencido de que o distrital é a melhor opção para o 
país, acesse o endereço eletrônico http://www.euvotodistrital.org.br/,
 para assinar a petição que será enviada aos parlamentares em Brasília,
 propondo a mudança.

De que forma funciona o voto distrital
Clique na imagem para ampliar
https://vimeo.com/48444489

'Voto distrital pode valer já em 2016', diz Serra

O projeto do senador José Serra, do PSDB, já está no Senado e pode ser votado até outubro deste ano. Se a base governista não travar o andamento das discussões, o voto distrital que entre outros pontos pode significar uma economia de 5 bilhões de reais, deve valer a partir das próximas eleições municipais. Além da economia traz mais democracia para o processo democrático.


‘Um governo para esquecer’

Publicado no Estadão
FERNANDO GABEIRA
Recebi dois livros interessantes: Submissão, de Michael Houellebecq, eOrdem Mundial, de Henry Kissinger. Aproveito uns dias de resfriado para lê-los, mas só vou comentá-los adiante. Não sei se o resfriado turvou minhas expectativas, mas vejo o mundo caindo ao redor: empresas fechando, gente perdendo emprego e, como se não bastasse, estúpidos feriados.
Mas será que estar envolvido numa situação tão pantanosa me obriga a fazer as mesmas perguntas, tratar dos mesmos personagens, dona Dilma e seus dois amigos, Joaquim e Temer?
Nas últimas semanas deixei de perguntar apenas sobre o ajuste econômico, que nos promete uma retomada do crescimento. Começou enriquecendo os partidos e apertando as pessoas. Disso já suspeitava. Cheguei a indagar se não era possível superar o voo da galinha, achar um caminho seguro e sustentável. Constatei que lá fora também se faz a mesma pergunta, não a respeito do Brasil, mas do próprio capitalismo. O sistema tem um futuro, deságua em outra via de expansão?
Quanto à minha expectativa de um crescimento equilibrado, encontrei respostas desconcertantes. Como a do economista australiano Steve Keen, para quem o equilíbrio é uma ilusão e a economia tende a viver num desequilíbrio constante, sem jamais afundar.
Existem muitas previsões sobre o que vai acontecer mais adiante. A de Jeremy Rifkin pelo menos me agrada mais porque é a que mais se aproxima das minhas toscas expectativas. E de uma ponta de otimismo que nunca me deixa, mesmo no resfriado. Rifkin fala da internet dos objetos, da produção descentralizada de energia alternativa, das impressoras 3D e dos cursos online. Tudo pode fazer de cada um de nós um proconsumidor. Da produção em massa haveria um trânsito para a produção das massas, descentralizada e cooperativa.
Aqui acompanhei, por exemplo, a prisão de Vaccari, o tesoureiro do PT. Cheguei à conclusão de que foi motivada pela decisão do partido de mantê-lo no cargo. Quando foi depor na CPI, todas as acusações já estavam postas, incluídas as que revelam nexo entre propinas e doações. O despacho do juiz Sergio Moro fala em quebrar a continuidade dos crimes, evitando que o acusado mantenha uma posição em que, desde o caso da cooperativa dos bancários (Bancoop), desvia dinheiro para os cofres do partido.
Bastava ao PT afastá-lo enquanto durassem as investigações. Falou mais alto a fraternidade partidária. Tanto que os intérpretes oficiais diziam com orgulho que o partido não abandonaria Vaccari na estrada.
Citado por Kissinger, o cardeal Richelieu, comparando a sorte da pessoa com a de uma entidade política secular, afirma que o homem é imortal, sua salvação está no outro mundo. Já o Estado não dispõe de imortalidade, sua salvação se dá aqui ou nunca.
A maior interrogação ao ver o mundo desabando é esta: como chegaremos a 2018, com um governo exaurido, crise aguda e um abismo entre as aspirações populares e o sistema político?
A primeira pergunta é esta: com ou sem Dilma? O ministro José Eduardo Cardozo diz que a oposição é obcecada pelo impeachment. Disse isso ao defendê-la das pedaladas fiscais. Com a maioria dos eleitores desejando que Dilma se afaste, sempre haverá um motivo. Hoje é pedalada, amanhã é pênalti e depois de amanhã, escanteio, lateral, impedimento – enfim, é uma constante no jogo.
Os 12 anos de governo do PT foram marcados por uma extensa ocupação partidária da máquina pública. O Estado foi visto não só como o grande empregador, mas também como o espaço onde os talentos individuais iriam florescer.
Ao lado disso se construiu também a expectativa de que grande parte dos problemas dependia da interferência estatal. Da Bolsa Família aos empréstimos do BNDES, do patrocínio às artes à salvação do Haiti, da construção de uma imprensa “alternativa” ao soerguimento econômico de Cuba – tudo conduzido pelo Estado.
Com a ruína desse modelo, a oposição popular ao governo tem a corrupção como alvo, mas revela também uma profunda desconfiança do papel econômico do Estado, a ponto de alguns analistas a verem como réplica do movimento Tea Party, uma ala radical do Partido Republicano nos EUA. Se olhamos um pouco mais longe, para o colapso do socialismo, vamos encontrar algo mais parecido com a realidade nacional. Foi muito bem expresso por um ministro húngaro na aurora da reconstrução pela via capitalista: no passado havia uns fanáticos que diziam que o Estado resolve tudo, agora aparecem outros dizendo que o mercado resolve tudo.
Além da corrupção, sobrevive ainda uma expectativa num Estado bálsamo, que cura todas as dores, resolve todos os problemas, traz de volta as pessoas amadas. É compreensível que surja uma resistência apontando para um Estado mínimo e que as esperanças se reagrupem em torno do mercado.
O que resultará disso tudo ainda é muito nebuloso. Tenho consciência de escrever sentado numa cadeira ejetável. Mas, e daí? Quando você mostra que a experiência do governo petista se esgotou, muitos protestam. Com que ideias vão dinamizar a nova fase? Com que grana vão inventar um novo ciclo de bondades balsâmicas?
Se Dilma sobrevive como um fósforo frio, isso é só um problema imediato. É hora de começar a desvendar o futuro. Não tenho dúvida de que todos os exageros, os erros patéticos, a arrogância, a desmesura, tudo será cobrado até que se restabeleça um certo equilíbrio
Viveremos o teatro fúnebre de um governo que não é mais governo, de uma esquerda oficial petrificada, de jornalistas de estimação analisando minúsculos movimentos mentais de um poder lobotomizado. Como diz um personagem de Beckett, acabou, acabamos. Resta ao governo sonhar com um domingo ideal em que, finalmente, voltadas para suas atividades normais, as pessoas o esqueçam. Imagino a discreta festa palaciana: mais um domingo, ninguém se lembrou de nós, viva!

quinta-feira, 23 de abril de 2015



CPI: executivo admite encontros com

 Vaccari e doação ao PT a pedido de

 Duque

Empresário da Toyo Setal disse ainda que propina na Diretoria de

 Serviços era generalizada. E que diretores da estatal se associaram

 ao clube do bilhão a partir de 2005



Audiência pública para ouvir o depoimento do presidente da Setal Engenharia e Executivo da Toyo Setal Empreendimentos Ltda, Augusto Mendonça Neto
Mendonça fala à CPI(Agência Câmara/Divulgação)
O executivo da Toyo Setal, Augusto Mendonça, um dos delatores do 
esquema do petrolão, falou por mais de sete horas nesta quinta-feira à
CPI da Petrobras. Ele admitiu que fez doações eleitorais ao PT a pedido
 de Renato Duque, então diretor de serviços da Petrobras - e que, segundo
 o próprio Mendonça, também cobrava propina em contratos da estatal.
 Também afirmou ter se reunido com o tesoureiro do PT, João Vaccari 
Neto, aproximadamente dez vezes. O primeiro dos encontros, segundo 
o empresário, se deu em 2008, quando Vaccari ainda não ocupava a 
Secretaria de Finanças do partido. O executivo reconheceu que Duque
 lhe pediu que procurasse especificamente por Vaccari na sede do PT
em São Paulo, para tratar de doações eleitorais.
Além de confirmar as doações feitas ao PT a pedido de Duque, o executivo 
afirmou que esses valores eram descontados da contabilidade da propina
 cobrada pelo então diretor. "Os pagamentos que eu identifiquei no meu
 depoimento e somam aproximadamente 24 milhões foram feitos a pedido
de Renato Duque. Esses pagamentos eram vinculados a valores que eu
 deveria passara para ele", afirmou o depoente. Ele disse ainda que João
 Vaccari Neto lhe telefonava para cobrar os pagamentos quando havia 
atraso de doações prometidas. "Do lado da diretoria de Serviços foram
feitos pagamentos, a maior parte deles no exterior, e foram feitas 
contribuições ao Partido dos Trabalhadores a pedido de Renato Duque",
 afirmou o executivo.
"Duque nunca verbalizou 'se você não contribuir vou te atrapalhar',
 mas era uma coisa muito visível, muito evidente. A contribuição ali era 
no sentido de não ser atrapalhado", afirmou o depoente, que fechou acordo
 de delação premiada com a Justiça. As informações confirmam a tese dos
 investigadores, de que parte da propina que circulava no esquema foi paga
 via contribuições eleitorais legais em 2010. Ainda sobre a campanha 
daquele ano, Mendonça afirmou ter se encontrado com o ex-presidente 
Lula. "Naquela oportunidade, conversei com todos os candidatos à
 presidência. Com a Dilma também estive algumas vezes", disse o executivo.
 Ele ainda informou que se reuniu com o ex-ministro e mensaleiro 
condenado José Dirceu "algumas vezes" para tratar de assuntos do 
mercado offhore.
Augusto Mendonça também confirmou que sua companhia repassou 
2,5 milhões de reais para a gráfica Atitude, ligada ao Sindicato dos
 Bancários de São Paulo. Oficialmente, o valor foi usado para a compra
 de um espaço publicitário em uma revista. Os investigadores da Lava
Jato estão convencidos de que a Atitude era usada por Vaccari para
 receber propina de empresas como a Toyo Setal. Diante das revelações
 sobre os encontros com Vaccari antes mesmo do petista se tornar
 tesoureiro do partido, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) sentenciou:
 "Em 2008 ele era agente de propina. Ele era assaltante da Petrobras. 
E foi nessa condição que o senhor falou com ele". Vaccari sempre negou
 ter arrecadado recursos para o PT antes de assumir o cargo de tesoureiro,
 em 2010.
Cartel - Em seu depoimento, Augusto Mendonça também afirmou que o 
cartel de empreiteiras formado para combinar o resultado de licitações
 da Petrobras só se associou a diretores da estatal a partir de 2005, durante
 o governo Lula. O empresário disse que o chamado "clube do bilhão" 
surgiu na segunda metade dos anos 1990 - mas, naquela época, não havia
 conluio com diretores da estatal. Isso só ocorreria anos depois, já durante
 a administração petista.
"Lá pelo ano de 2005, 2006 o grupo foi ampliado e ganhou efetividade.
 Ou seja, tinha mais condição de funcionar a partir do instante em que
 houve uma combinação, com os diretores da Petrobras, das empresas 
que seriam convidadas para participar das licitações", disse ele.
O depoente afirmou também que a cobrança de propina se dava de forma
 generalizada dentro das diretorias de Serviços, comandada por Renato
 Duque, e de Abastecimento, sob o comando de Paulo Roberto Costa.
 "Essas duas diretorias só conseguiram fazer isso porque atuavam em 
conjunto", disse ele. Além dos dois diretores, ele afirmou que tratava de
 propina com Pedro Barusco, que era gerente sob o comando de Duque. 
"Essas três pessoas são as pessoas que eu sei que estavam envolvidas 
dentro da Petrobras".
Embora afirme não saber de desvios em outras áreas da Petrobras, o
 depoente admitiu que o sistema de contratação deixava brechas. 
"Não tenho a menor dúvida de que, dentro desse relacionamento entre
 a Petrobras e as empresas fornecedoras, existem diversas oportunidades
 de corrupção", disse ele.
O executivo também disse que começou a pagar propina depois de ser
 procurado pelo ex-deputado José Janene (PP-PR), por volta de 2007. 
"Ele se colocou como o responsável pela indicação do Paulo Roberto Costa 
e afirmou que, se nós não fizéssemos uma contribuição a ele ou ao
 Paulo Roberto em nome dele, nós seríamos duramente penalizados",
 disse ele. Mendonça relatou que o então deputado, que morreu em 
setembro de 2010, indicou o doleiro Alberto Youssef como o responsável
 pelo recebimento da propina

Mais uma 'grande' ideia de Lula se 

esvai: a estratégia de refino da

 Petrobras

Refinaria Landulpho Alves (RLAM) da Petrobras, na Bahia
Refinaria Landulpho Alves (RLAM) da Petrobras, na Bahia
Em carta aos acionistas publicada nesta quarta-feira, junto com o balanço,
 o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, afirmou que há uma mudança
 de estratégia em curso: a estatal deixará de apostar seus esforços na
 atividade de refino - uma das grandes bandeiras do governo Lula - e
voltará seu foco para a exploração, que é mais rentável.
Antes tarde do que nunca. Os investimentos em refino sempre foram alvo
 de crítica da parte dos investidores, pela alta demanda de aportes 
financeiros e o baixo retorno aos acionistas - devido aos altos custos de
 produção no Brasil.
Também foram as refinarias os principais dutos de desvio de dinheiro da
 estatal, conforme apuração da Polícia Federal e do Ministério Público ao
 longo das investigações da Lava Jato. "Estamos revendo nossos
 investimentos com o objetivo de priorizar a área de exploração e produção
 de petróleo e gás, nosso segmento mais rentável. Almejamos construir
 um plano sustentável sob a ótica do fluxo de caixa, levando em 
consideração os potenciais impactos na cadeia de suprimentos e, por 
conseguinte, na nossa curva de produção", disse Bendine.
As refinarias da Petrobras projetadas no governo Lula, além de tudo, 
são aptas para a produção de diesel. Ou seja, não aliviam em quase nada
 a demanda interna por gasolina. Em 2014, a estatal importou 805 mil
 barris de petróleo e derivados por dia - alta de 2%. Somente em derivados,
 como a gasolina, a alta foi de 6%.

quarta-feira, 22 de abril de 2015




'Triplicar verba para partidos é um

 escárnio', diz Joaquim Barbosa


Presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa durante sessão para julgar os recursos dos 13 réus que não tem direito aos embargos infringentes no processo do mensalão, nesta quinta-feira (14)



Ex-presidente do STF Joaquim 
Barbosa classificou como "escárnio" 
o aumento dos repasses a partidos
 políticos para
 quase 900 milhões de reais
O ex-presidente do SupremoTribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa reagiu
, na noite de terça-feira, ao aumento da verba orçamentária destinada aos
partidos políticos.
Em meio a um ajuste fiscal, a presidente da República, Dilma Rousseff,
 triplicou a verba pública que abastece o Fundo Partidário: 867,5 milhões
 de reais. Em 2014, a proposta original destinava 289,5 milhões de reais ao
 fundo. "Escárnio: Congresso aprova verba de quase 900 milhões anuais
 para partidos políticos. Para que doações de empresas privadas?", escreveu
 Barbosa em sua conta no Twitter. 
"900 milhões de reais para partidos políticos: procure saber em detalhes
 como essa montanha de dinheiro é gerida pelos caciques partidários."
 (Nicole Fusco, de São Paulo)








Governador de MG é vaiado ao 

entregar medalha a líder do MST

Pimentel condecora João Pedro Stédile


Pimentel condecora João Pedro Stédile(Leandro Couri )
A entrega da Medalha da Inconfidência, honraria mais importante de 
Minas Gerais, ao líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) 
João Pedro Stédile,foi alvo de protestos nesta terça-feira no Estado.
 Houve atos de repúdio à iniciativa do governador Fernando Pimentel (PT)
na histórica de Ouro Preto, local do evento, e em Belo Horizonte, capital
mineira. Pela manhã, grupos que protestaram contra o governo Dilma
 Rousseff e a corrupção nos dias 15 de março e 12 de abril, entre eles o
 movimento Vem Pra Rua, fizeram um enforcamento simbólico, com uma
 corda vermelha, de uma estátua do inconfidente Joaquim José da Silva 
Xavier, o Tiradentes, mártir do movimento rebelde no Brasil-Colônia e 
herói nacional. Em Ouro Preto, houve um apitaço e um panelaço durante
a condecoração de Stédile, do presidente do Supremo Tribunal Federal, 
ministro Ricardo Lewandowski, e do Advogado-Geral da União, Luís Inácio
 Adams, entre outros. Havia faixas em apoio ao juiz federal Sérgio Moro, 
responsável pela Operação Lava Jato. A cerimônia é um tradicional 
momento de manifestações políticas e reuniu também professores da rede
 estadual insatisfeitos com o governador Fernando Pimentel (PT). Mais de
 cem servidores, vestidos com camisas pretas e bonés da Central Única dos
 Trabalhadores (CUT), circularam ao redor da área fechada para a
 condecoração na Praça Tiradentes. Eles reclamaram do piso salarial dos 
professores e gritaram "Pimentel traidor". (Felipe Frazão, de São Paulo)

terça-feira, 21 de abril de 2015

Procuradores orientaram depoimento de políticos na PGR, escanteando a PF


Esta semana, o STF suspendeu depoimentos da Lava Jato programados pela Polícia Federal. Jornal sustenta que delegados descobriram que procuradores ligaram para políticos e disseram que eles podem se dirigir à sede da PGR para prestar depoimentos, escanteando a PF
Jornal GGN - O despacho do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, suspendendo depoimentos da Lava Jato programados pela Polícia Federal para esta semana tornou pública a queda de braço entre os membros do Ministério Público Federal e da Polícia Federal que compõem a Força-Tarefa da operação que investiga esquemas de corrupção na Petrobras.
Zavascki atendeu a um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que, por sua vez, reagiu a uma resposta "atravessada" do delegado-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello. Segundo publicação do Estadão desta sexta-feira (17), Janot procurou o delegado-geral para avisar que alguns políticos investigados na Lava Jato avisaram que preferem prestar esclarecimentos na sede da PGR. Daiello teria avisado a Janot que a PF apenas cumpre o que lhe foi orientado, e sustentou que mudanças no plano de trabalho devem ser feitas via STF.
O Estadão afirma, entretanto, que delegados descobriram que, na verdade, os políticos foram procuradores diretamente por membros do MPF para que os depoimentos fossem feitos na PGR, escanteando a Polícia Federal. 
"Ocorre que ao averiguar por que razão os investigados não queriam mais depois para os delegados, a PF descobriu que não era a PGR quem estava orientando os alvos, o que aprofundou a crise. Coube ao ministro José Eduardo Cardozo, titular da Justiça, tentar buscar o consenso [entre Janot e Daiello].”
Publicamente, o ministro do STF Marco Aurélio Mello disse que a divergência entre os órgãos pode atrasar a Operação Lava Jato. Outro ministro, em reservado, disse à imprensa que a "divergência entre os dois órgãos é histórica".
Após o episódio da suspensão dos depoimentos, a Associação Nacional dos Procuradores sustentou, em nota, que respeita o trabalho da Polícia Federa, mas observou que isso não significa que a entidade reconheça as "pretensões da PF em assumir tarefas perante o Judiciário que não lhe competem”.
Desde que a Operação Lava Jato começou a produzir denúncias escandalosas na mídia, um descompasso entre as autoridades que integram a investigação ficou visível. Em alguns momentos, reclamações sobre a tentativa de omitir que políticos estavam sendo investigados para evitar que o trabalho fugisse das mãos do juiz Sergio Moro e equipe foram sublinhadas. Em outros despachos, Zavascki observou que cabe à PGR investigar quem tem foro privilegiado.
Em tempo
O Estadão também publicou que o deputado Paulinho da Força (SD) saiu da CPI da Petrobras e retirou o pedido de quebra de sigilo telefônico contra Janot e Cardozo. Paulinho alegou apenas que tem outras prioridades e que não pode ficar na comissão.

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