JOÃO PEDRO PITOMBO
DE SALVADOR
Três dias depois da conquista de medalhas olímpicas na canoagem e uma semana após a conquista de uma medalha no boxe, o governo da Bahia anunciou a construção de centros de treinamento nas duas modalidades.
O anúncio foi feito nesta terça-feira (24) pelo governador Rui Costa (PT), após atletas baianos como o boxeador Robson Conceição e os canoístas Isaquias Queiroz e Erlon de Souza conquistarem feitos históricos nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Antes de conquistarem as medalhas, os dois atletas precisaram fazer suas preparações fora da Bahia ou em academias privadas, sem nenhum apoio do
poder público.
Revelados por clubes do sul da Bahia, Isaquias Queiroz, de Ubaitaba, e Erlon de Souza, de Ubatã, treinam fora do Estado desde 2010. Robson Conceição teve que se dividir enter Salvador e São Paulo na sua preparação para a Rio-2016.
"Já vi esse filme antes e, sinceramente, não sei se acredito na concretização deste centro de treinamento. Na hora da medalha, sempre vem os políticos para fazer oba-oba", afirma Jefferson Lacerda, que foi técnico de Isaquias no início da carreira na Bahia.
Segundo ele, não basta só a construção de um centro, se não houver uma política para sua manutenção, inclusive com equipes multidisciplinares que atuem na preparação dos atletas.
"Não adianta fazer e passar para prefeitura, que não tem condição de manter", afirma.
Há pelo menos duas décadas, a Bahia revela atletas de alto rendimento nessas duas modalidades. O desempenho, porém, contrasta com a falta de estrutura. Em Ubaitaba, cidade de Isaquias, a associação de canoagem possui equipamentos defasados e não há sequer uma lancha para acompanhar os atletas na água.
Além de resultados expressivos em competições nacionais e sul-americanas, a Bahia teve representantes na canoagem nas Olimpíadas de Barcelona-1992, com Jefferson Lacerda, e Londres-2012 com o próprio Erlon de Souza.
No boxe, atletas baianos ou revelados na Bahia disputaram todas as Olimpíadas desde Seul-1988, com exceção de Atlanta-1996. Em 2012, a baiana Adriana Araújo conquistou uma medalha de bronze.
Secretário estadual de Esporte, Álvaro Gomes diz que os dois centros de treinamento vêm sendo pleiteados pelo governo baiano há um ano.
"Mas com essa crise, acabou não prosperando", explicou.
Além da canoagem e do boxe, a Bahia também tem atletas de alto rendimento na maratona aquática, com Ana Marcela Cunha e Allan do Carmo.
Nenhum investimento específico para esta modalidade foi anunciado pelo governador após as Olimpíadas. Ana Marcela e Allan não conquistaram medalhas no Rio.
JUDÔ
Dois anos antes da Rio-2016, o então governador Jaques Wagner (PT) optou por construir, na Região Metropolitana de Salvador o Centro Pan-Americano de Judô - esporte que a Bahia não tem tradição.
O equipamento custou R$ 43 milhões, com recursos dos governos federal e estadual, foi inaugurado em 2014, na véspera da eleição, e anunciado como maior centro de treinamento na modalidade das Américas.
Nenhum dos 14 atletas da delegação de judô no Rio era baiano.
