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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

General Mourão é exonerado do comando sul por ter criticado o Governo

Imagem do general Antônio Hamilton Martins Mourão - Divulgação / Exército Brasileiro
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BRASÍLIA — O comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, exonerou ontem o chefe do Comando Militar do Sul, general Antônio Hamilton Martins Mourão, que fez críticas à presidente Dilma Rousseff em palestra proferida em 17 de setembro, no Rio Grande do Sul. Mourão foi transferido para a Secretaria de Economia e Finanças da pasta, um cargo burocrático em Brasília.
Na palestra, o militar afirmou que a saída da presidente Dilma não mudaria o “status quo”, mas que a “vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, da má gestão e da corrupção”. Nos slides da palestra, Mourão apresentou mensagens como “mudar é preciso” e falou em “despertar para a luta patriótica”.
Além disso, o general disse que “a maioria dos políticos de hoje parecem privados de atributos intelectuais próprios e de ideologias, enquanto dominam a técnica de apresentar grandes ilusões”.


HOMENAGENS A USTRA
As declarações repercutiram mal no Ministério da Defesa. Para completar a insatisfação do governo com o general, recentemente ele teria estimulado integrantes do Comando Militar do Sul a fazer homenagens ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do órgão repressor da ditadura militar, falecido recentemente.
Comandante do exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas - 

Michel Filho / Agência O Globo
O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, deu carta branca ao general Villas Bôas, do Exército, para tomar as medidas cabíveis. Os dois acertaram, então, a exoneração de Mourão, que foi oficializada ontem. Para o lugar dele foi escolhido o general Edson Leal Pujol, que comandou as tropas brasileiras no Haiti.
Ontem, em resposta a um requerimento feito pela Comissão de Relações Exteriores do Senado, o ministro Aldo Rebelo disse que determinou ao Comando do Exército que tomasse as “providências, com a brevidade e o rigor que o caso requer”, referindo-se às declarações de Mourão. A informação foi repassada ao Senado por meio de ofício.
"LUZ AMARELA"
De autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), o pedido de informações endereçado ao ministro pedia esclarecimentos sobre declarações atribuídas ao general Mourão. Para fundamentar o requerimento, o senador citou artigo do historiador José Murilo de Carvalho publicado no GLOBO sob o título “Luz amarela”.
No texto, o historiador, que saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff e contra os movimentos pelo impeachment da petista, afirmou que não havia riscos de abalos constitucionais até surgirem as declarações de Mourão.

De acordo com o artigo, o general disse, para uma plateia de subordinados, “que ainda tínhamos muitos inimigos internos, mas que eles se enganavam achando que os militares estavam desprevenidos”. O general também teria desafiado: “Eles que venham!”
O senador tucano quer saber se as declarações são verdadeiras e se há previsão nos procedimentos éticos das Forças para coibir manifestações que comprometam a ordem democrática.
No ofício de resposta, Rebelo apenas informou que pediu providências para “assegurar que o Exército continue a se pautar no estrito cumprimento de sua missão constitucional”, sem informar a exoneração do general, que acabou sendo oficializada ontem. (Colaborou Cristiane Jungblut)


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Fazer exercícios retarda o envelhecimento -- a explicação está nas células

Um estudo americano mostrou que a prática de atividade física reduz a deterioração celular. O trabalho envolveu 6.500 homens e mulheres com idade entre 20 e 84 anos.
Praticar atividade física ajuda a retardar o envelhecimento celular. É o que diz um estudo publicado recentemente, no periódico científico Sports & Exercise.
O novo estudo, realizado por pesquisadores das Universidades do Mississipi e da Califórnia, ambas nos Estados Unidos, comprova que a prática de atividade física (em qualquer quantidade) retarda a diminuição do comprimento dos telômeros. Essas estruturas são pequenas cápsulas encontradas no final de cadeias de DNA que o protegem contra possíveis danos causados pela divisão e replicação celular. À medida que as células envelhecem os telômeros naturalmente encurtam e se desgastam.
Sendo assim, muitos cientistas usam a medida do comprimento dos telômeros para determinar a idade biológica de uma célula. Também é importante ressaltar que o desgaste destas estruturas pode ser acelerado por fatores como obesidade, tabagismo, insônia, diabetes e outros aspectos relacionados ao estilo de vida. As informações são do jornal americano The New York Times.
O trabalho da Universidades do Mississipi reuniu dados sobre a saúde de 6.500 participantes, com idade entre 20 e 84 anos. Após responderem perguntas relacionadas à prática de exercícios, eles foram categorizados em quatro grupos, de acordo com a quantidade de exercícios praticada. Os resultados mostraram que para cada atividade realizada (caminhada, corrida ou ir ao trabalho a pé ou de bicicleta), os riscos de encurtamento dos telômeros diminuíram significativamente.
O estudo também mostrou que quanto mais exercicíos fossem incorporados à rotina, menor era o risco do envelhecimento celular. Dessa forma, as pessoas que realizavam apenas uma atividade eram 3% menos propensas a ter telômeros muito curtos, em comparação com aquelas que não se exercitavam. Entre as pessoas que realizavam dois tipos de exercícios, o índice subiu para 24%. Três tipos, 29%. Quatro tipos, 59%.

Para surpresa dos pesquisadores, a associação entre a prática de atividade física e o tamanho dos telômeros foi mais forte entre as pessoas com idade entre 40 e 65 anos. De acordo com eles, essa descoberta sugere que a meia-idade pode ser um momento chave para iniciar ou manter um programa de exercícios para afastar os telômeros de encolhimento.
(Da redação / Thinkstock)

sábado, 3 de outubro de 2015

Lula e a Dinda do Guarujá

Por: Robson Bonin e Kalleo Coura




A reforma do apartamento tríplex do ex-presidente — que incluiu a instalação de um elevador privativo — foi paga por uma das empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras.

Bancar melhorias na Casa da Dinda, a residência de Fernando Collor, no Lago Norte, em Brasília, era uma das muitas maneiras de agradar ao então presidente, deposto do cargo por corrupção em 1992. A mesma tática foi e está sendo usada por empreiteiras para demonstrar afeição ao ex-presidente Lula. 



Em meados de 2014, depois de quase dez anos de espera, a ex-primeira-­dama Marisa Letícia viajou à Praia das Astúrias, no Guarujá, para buscar as chaves do apartamento dos sonhos da família. O refúgio dos Lula da Silva no litoral é um tríplex de 297 metros quadrados. São três quartos, suíte, cinco banheiros, dependência de empregada, sala de estar, sala de TV e área de festas com sauna e piscina na cobertura. Ah, sim, para um eventual panelaço das elites, o tríplex tem varanda gourmet no 1º andar. O plano de comemorar o réveillon no imóvel foi adiado pela decisão de fazer ali uma reforma. O porcelanato e os acabamentos de gesso foram refeitos, a planta interna foi modificada para abrigar um escritório e um elevador privativo, interligando os ambientes do 1º andar com a ala dos quartos, no 2º nível, e a área de festas, na cobertura. Acompanhada de perto por dona Marisa, a obra não custou um centavo à família do ex-presidente. Do primeiro parafuso ao último azulejo, tudo foi pago pela OAS, uma das empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras.

VEJA teve acesso a documentos e a fotos (em VEJA.com) que detalham a reforma do tríplex presidencial e mostram que os serviços foram contratados pela empreiteira. O trabalho foi feito pela Tallento Inteligência em Engenharia, uma empresa conhecida no mercado por executar obras de alto padrão em prazos curtos - duas exigências dos contratantes, mas não as principais. A exigência maior era a discrição. As investigações da Lava-Jato revelariam meses depois as razões disso. Iniciada em 1º de julho de 2014, a reforma transcorreu sob medidas de segurança incomuns. A fechadura da porta de acesso era trocada toda semana. A reforma da cobertura tríplex chamou a atenção dos moradores do prédio.
"Nos dias em que eles marcavam para visitar a obra, a gente tinha de parar o trabalho e ir embora. Ninguém era autorizado a permanecer no apartamento. Só ficamos sabendo quem era o dono muito tempo depois, pelos vizinhos e funcionários do prédio, que reconheceram dona Marisa e o Lulinha (Fábio Luís Lula da Silva, o filho mais velho do ex-presidente)", disse a VEJA um dos profissionais que colaboraram na reforma. 

O ex-presidente Lula esteve no tríplex algumas vezes. O segredo durou até dezembro do ano passado, quando o jornal O Globo publicou detalhes de uma investigação sobre a Coo­pe­rativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). Controlada pelo PT, a entidade faliu e deixou 3000 famílias sem receber seus imóveis. O tríplex destinado a Lula, com uma das melhores vistas do Guarujá, avaliado em 2,5 milhões de reais, foi um dos poucos a ser entregues. VEJA revelou em abril passado que, depois de um pedido feito pelo próprio ex-presidente a Léo Pinheiro, executivo da OAS, seu amigo, preso na Operação Lava-­Jato, a OAS assumiu a construção do prédio, que estava parada. Além de Lula, parentes do tesoureiro petista João Vaccari Neto, também preso, sindicalistas e familiares de Rosemary Noronha, a amiga íntima de Lula, foram contemplados com apartamentos em outros prédios da Bancoop assumidos pela OAS. Revelado o privilégio, e diante da repercussão negativa, desapareceu o entusiasmo da família Lula pelo imóvel.

O ex-presidente passou a negar ser o proprietário do tríplex, embora admita que sua esposa seja dona das cotas de um apartamento no mesmo edifício, o Solaris. Não é mentira. É apenas uma meia verdade. No papel, o tríplex ainda está em nome da OAS. Funcionários da empreiteira procurados por VEJA confirmaram que o apartamento pertence aos Lula da Silva, está parcialmente mobiliado, permanece fechado e está à venda por 2,3 milhões de reais. "Para entrar aí, só com autorização da cúpula da construtora. Só eles e o Lula têm a chave", disse a VEJA, na semana passada, um funcionário da própria OAS.