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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Justiça aceita denúncia contra Argôlo, Vargas e Corrêa

Juiz Sérgio Moro torna réus pela primeira vez ex-parlamentares 

envolvidos em 

corrupção e lavagem de dinheiro flagrados 

pela Operação Lava Jato


Por: Laryssa Borges, de Curitiba



O juiz Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato na Justiça Federal de Curitiba, aceitou nesta segunda-feira denúncia do Ministério Público contra os ex-deputados Luiz Argôlo (SD-BA), André Vargas (ex-PT), Pedro Corrêa (PP-PE) e outras dez pessoas. Com a decisão do magistrado, os ex-parlamentares, ao lado da também ex-deputada Aline Corrêa (PP-SP) e dos irmãos de Vargas, Leon e Milton, passam à condição de réus.
O ex-deputado Luiz Argôlo havia sido denunciado dez vezes por corrupção, dez vezes por lavagem de dinheiro e 93 vezes por peculato depois de ter sido apontado pelo Ministério Público como um dos políticos mais próximos do doleiro Alberto Youssef, criminoso que atuava como operador do PP no escândalo do petrolão. Para os investigadores da Lava Jato, Argôlo pode ser classificado "quase como sócio" de Alberto Youssef em negócios ilícitos. Foram mapeadas 78 visitas do ex-parlamentar aos escritórios de Youssef - pelo menos quarenta visitas (93 trechos aéreos) entre 2011 e 2014 pagas pela Câmara ao custo aproximado de 55.000 reais.
"Alberto Youssef também teria pagado propina a João Luiz Correia Argolo dos Santos em interesse próprio e em razão da função por ele então ocupada, buscando obter atos do deputado em seu favor na realização de negócios, como interferência para obtenção de financiamentos em instituições financeiras oficiais", relata o juiz Moro no despacho em que aceita a denúncia.
Também transformado em réu por ter recebido propina de empresas, o ex-1º vice-presidente da Câmara dos Deputados André Vargas havia sido denunciado por ter recebido ilegalmente dinheiro emcontratos de publicidade com a Caixa Econômica e com o Ministério da Saúde. De acordo com as investigações dos procuradores que atuam na Lava Jato, o publicitário Ricardo Hoffman, ex-dirigente da agência de propaganda Borghi/Lowe pegou propina a Vargas para que a empresa fosse contratada para atuar na Caixa e na Saúde. Em troca, a agência de publicidade teria atuado para recolher dinheiro para as empresas de fachada LSI Solução e Limiar Consultoria, controladas por Vargas e por seus irmãos. Ao todo, teriam sido pagos cerca de 1,1 milhão de reais em propina de 2010 a 2014 às empresas do ex-petista. Depoimentos recolhidos nos inquéritos comprovam que a LSI e a Limiar não prestaram qualquer serviço e que os depósitos de propina foram feitos por solicitação da Borghi/Lowe.
Denunciado por 280 atos de corrupção, 568 atos de lavagem de dinheiro e 123 atos de peculato, o ex-deputado Pedro Corrêa, que já havia sido condenado no julgamento do mensalão, foi apontado pela acusação como "um dos responsáveis pela distribuição interna do PP". A arrecadação de recursos ilícitos pela família Corrêa incluía a atuação de um assessor parlamentar, a criação de uma funcionária fantasma e a participação de funcionários do extinto gabinete de Corrêa.
Em cerca de dez anos, o PP, partido que já foi presidido pelo ex-deputado, e a diretoria de Abastecimento da Petrobras, comandada na época do petrolão por Paulo Roberto Costa, receberam quase 358 milhões de reais em propina. Além de ter classificado como o "responsável geral" pela propina, Corrêa embolsou diretamente, de acordo com o Ministério Público, 40,7 milhões de reais.


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