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quarta-feira, 13 de maio de 2015

Interventor do Sindicato dos 

Comerciários do Rio dá cargo a

 'camaradas' do PCdoB

Após Ministério Público afastar a família Mata Roma por nepotismo,

 o advogado José Carlos Nunes nomeia militantes comunistas, 

amigos e parentes


O interventor do Sindicato dos Comerciários do Rio, José Carlos Nunes (à direita), em sua filiação ao PCdoB
O interventor do Sindicato dos Comerciários do Rio, José Carlos Nunes (à direita),
 em sua filiação ao PCdoB
Durante três décadas o Sindicato dos Empregados do Comércio do Rio
 de Janeiro, com 2 500 associados, foi um feudo particular, de onde 
integrantes de uma família - os Mata Roma - tiraram sustento, prestígio
 e influência sem sequer serem comerciários. Isso mesmo: desde 1998 
atuam no ramo da aviação, sendo atualmente proprietários de duas 
empresas de táxi aéreo. Alvo de investigações de superfaturamento e
 nepotismo, entre outros delitos, em outubro do ano passado o Ministério
 Público colocou o sindicato sob intervenção e afastou o então presidente 
Otton Mata Roma (da terceira geração, com salário mensal de 52 000 reais)
, junto com nove parentes. Tudo resolvido? Nem perto disso. Quando ainda
 tomava pé da situação o primeiro interventor nomeado, Aloysio Santos, 
foi transferido para outra função e substituído por seu assessor direto, o
 advogado José Carlos Nunes. Segundo relatos de funcionários a VEJA,
 uma vez no cargo Nunes pôs-se imediatamente a reeditar as práticas dos
 Mata Roma, com uma diferença: além de privilegiar família e amigos, deu
 emprego a companheiros do PCdoB, partido do qual é militante.
Desde que assumiu, em janeiro, dezenas de funcionários foram demitidos
 e mesmo assim o total pulou de 300 para 404, ao custo de cerca de 7 
milhões de reais. "Todas as irregularidades da antiga presidência estão
 se repetindo. A única coisa que mudou é que a corrupção dos Mata Roma
 era familiar e a de agora é partidária", resume um funcionário afastado. 
Outra iniciativa de Nunes foi dispensar os quatro escritórios de advocacia
 que prestavam serviços ao sindicato e se cercar de gente de confiança.
 O Santa Cruz Scaletsky Advogados, contratado por 170 000 reais mensais
 e já beneficiado com um aumento para 350 000, tem entre seus sócios
 Henrique de Carvalho, o Kique, dirigente do PCdoB e uma espécie de
 braço direito informal de Nunes. A irmã do interventor, Vanessa Nunes, 
tornou-se auditora do sindicato. Bem entrosado no mundo jurídico, 
Nunes ainda teria providenciado emprego para a mulher de um juiz e
 a enteada de outro.
Os supostos desmandos foram denunciados ao Ministério Público em fevereiro por Alex Rios Gama, dono de uma loja em um shopping center da Zona Norte. No mesmo dia da denúncia, Gama recebeu a visita de Nunes, acompanhado do amigo Kique. A cena foi filmada no celular de um amigo do comerciante e o interventor acabou indo embora rapidamente, mas a pressão surtiu algum efeito: Gama não dá entrevistas e tentou até retirar a denúncia. Diante da possibilidade de vir a ser ele mesmo investigado, Nunes tratou de marcar a eleição da nova diretoria para o dia 15 de junho, mas, ao que tudo indica, se esforça para emplacar aliados na nova diretoria. Como o tempo é curto para organizar uma chapa dentro das regras vigentes, a comissão eleitoral, controlada pelo PCdoB - cujos militantes já estão em campanha aberta (escute a gravação abaixo) -, reduziu de 32 para 24 o número mínimo de integrantes e de três anos para seis meses o tempo de atividade dos candidatos no comércio. Na medida para uma bela vitória da nova família.

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