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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O Carnaval pelos não carnavalescos



 Por Marcus Vergne

Os não carnavalescos, que ficam atrás das suas mesas, enterrados nas suas poltronas e ventilando os seus fundilhos no ar condicionado e ditando as normas para a festa, transformaram a grande festa de carnaval em meros desfiles de “estrelinhas televisivas".
Quando na quinta feira era anunciado pelo desfile do Rei Momo “já é carnaval”, a grande festa, tinha o seu grande diferencial na Bahia por ser um desfile do povo, pelo povo e para o povo, sem padrões pré-estabelecidos, onde cada folião era único e trazia na sua expressão ou na sua fantasia a sua novidade e/ou mensagem.
Cada bairro tinha o seu carnaval de forma mais homogênea, a festa, por ser mais pulverizada se tornava menos desconfortável, com receita financeira mais equalizada e por conseguinte bem menos violenta em função dessa homogeneidade. Pra você participar do Carnaval, bastava sair de casa independente de onde morasse. A festa acontecia onde ela acontecia, não necessariamente de forma ordenada, mas, com certeza mais festiva e mais equilibrada. Os palanques ou palcos montados para receber os músicos, animadores do evento, distribuíam animação por toda a cidade transformando Salvador numa só festa. Certamente que os repórteres e emissoras de rádio e televisão corriam atrás das notícias procurando divulgar o que fosse mais interessante porque o artista na realidade, (o folião), estava fora dos palcos fazendo a festa acontecer.
Com a interferência nociva das emissoras e dos “poderes” públicos, visando “burramente” um interesse imediatista puramente financeiro manipulam o carnaval (como diz Armandinho: "manipulam e não pulam"), transformando a festa nesse desfile “sem graça” de "estrelinhas"... que desafinam o tempo inteiro ou cantam músicas que mais parecem um monte de palavras bobas soltas em frases infantis acompanhadas por melodias compostas por quem certamente só toca violão lendo revistinhas de músicas que vende em bancas de revistas.... BAH!!!!
Sem saudosismo, mas sentindo falta de brincar o carnaval e não ter que ir a ridículos e desanimados e caros camarotes (programa prá turistas) ou idióticos e patéticos “adadás” pra ficar caminhando dentro de cordas de blocos olhando pra cima do trio, à espera da TV filmar pra que se possa demonstrar animação, verdadeiras pipocas dentro de uma panela... Esses sim são as "PIPOCAS"...!! Nada de circuitos ou curtos-circuitos de carnaval, a festa é um todo em toda a cidade!!!! Absurdo!! Até as (manipuladas) estatísticas de acidentes e incidentes durante a festa só computam o que acontece dentro do "circuito"... !!!
Adoro o Carnaval verdadeiro...!!!, do Campo Grande a Praça da Sé, o Carnaval do Pelourinho, os carnavais de bairros ou de onde naturalmente a emoção nos indica, os lugares aonde os trios elétricos atuais e a televisão não têm ido!!. Mais cômodo prá eles que montam as suas tendas e dizem que as notícias do Carnaval se restrinjem a aquilo!!!

Quem é a Televisão ou quem quer que seja que pode definir o percurso “oficial” do carnaval da Bahia?!!.. O Carnaval é uma festa da cidade... !!!
Foliões!!!..Não deixem que, quem quer que seja, imponha mais essas mudanças. Não deixem que tomem o carnaval do povo. Se vacilar logo-logo estarão cobrando taxas pra você sair de casa nos dias de Carnaval...!!! E se pular fora do local de interesse deles você será até punido...!!
Indignadamente;

Marcus Vergne
Músico / Cidadão

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