Por: Felipe Frazão
Procuradores pedem agora a prisão preventiva de
Marice Corrêa de Lima, cuja prisão temporária
expiraria nesta terça-feira
A força-tarefa da Operação Lava
Jato pediu nesta segunda-feira a conversão da prisão temporária deMarice Corrêa de Lima, cunhada do
ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, em prisão preventiva - o prazo se
encerraria nesta terça-feira. Os procuradores da República encontraram uma
série de depósitos fracionados, realizados até o mês passado, feitos por Marice
na conta da irmã Gisela Rousie de Lima, mulher de Vaccari. O Ministério Público
Federal diz que se trata de uma mesada com recursos ilícitos. O pedido ainda
precisa ser analisado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na 13ª
Vara Federal de Curitiba (PR). Se for aceito, Marice ficará presa por tempo
indeterminado.
"Tudo
indica que Giselda [mulher de Vaccari] recebe uma espécie de 'mesada' de fonte
ilícita paga pela investigada Marice, sendo que os pagamentos continuam sendo
feitos até março de 2015. Nesse contexto, a prisão preventiva de Marice é
imprescindível para a garantia da ordem pública e econômica, pois está provado
que há risco concreto de reiteração delitiva", escrevem os procuradores.
A quebra
do sigilo bancário da mulher de Vaccari revelou que ela recebeu 322.900 reais,
de maneira parcelada (cada depósito abaixo de 2.000 reais), sem origem
identificada, entre 2008 e 2014. Segundo o Ministério Público Federal, entre
2008 e 2012, ocorreram diversos depósitos acima de 10.000 reais, e também não
identificados. Eles somam ao todo 260.500 reais.
Em
depoimento à PF no último dia 15, Giselda afirmou que tem renda de aproximadamente
3.000 reais mensais como aposentada do Santander e psicóloga autônoma. Ela
disse que não contraiu empréstimos nos últimos cinco anos. Em vez disso,
repassou à filha Nayara 300.000 reais emprestados.
Vídeo - A pedido
do MPF, o Banco Itaú enviou imagens de Marice em agências bancárias da capital
paulista realizando os depósitos na conta da irmã. As imagens foram feitas em
março por câmeras de segurança em agências bancárias nos bairros Saúde e
Planalto Paulista, que ficam próximas à casa de Vaccari. Questionada pela
Polícia Federal durante interrogatório nesta segunda-feira, Marice negou ter
feito quaisquer depósitos para Giselda neste ano.
No pedido
de prisão preventiva, os investigadores descreveram os depósitos de Marice
flagrados pelo videomonitoramento. "O primeiro depósito foi efetivado no
dia 2 de março de 2015. Das imagens enviadas pelo banco, é possível verificar
Marice esperando na fila da agência. No exato momento da operação bancária
identificada, as câmeras de segurança capturaram a imagem de Marice realizando
o depósito em um dos caixas automáticos da agência. O segundo depósito foi
efetivado no dia 6 de março de 2015. Analisando as imagens enviadas pelo banco,
também restou possível identificar Marice realizando um depósito em favor de Giselda."
O uso de
depósitos divididos em valores menores é um expediente comum em crimes de
lavagem de dinheiro para não despertar suspeita das autoridades de controle do
sistema financeiro nacional (Sistema de Investigação de Movimentação Bancárias
- Simba), que monitoram transações bancárias de grande monta. Como os depósitos
eram feitos nos caixas eletrônicos, os valores ficavam restritos ao limite de
2.000 reais, para os quais não há necessidade de identificação do depositante.
No Brasil, os depósitos em dinheiro vivo acima de 10.000 reais só podem ser
feitos nos caixas convencionais, que exigem o registro de quem efetua o
crédito. As regras foram definidas pelo Banco Central do Brasil.
Marice
Corrêa de Lima era apontada como uma operadora auxiliar de propinas para
Vaccari e o PT. Ela recebia remessas de dinheiro até em casa, conforme
documentos apreendidos pela Polícia Federal e depoimento do doleiro Alberto
Youssef. Mas agora os procuradores já indicam que suas atividades iam além
disso: Marice também era a responsável por receber vantagens pessoais indevidas
destinadas a Vaccari. A mulher do petista e a filha do casal, Nayara Vaccari de
Lima, já eram investigadas por lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
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