CPI: executivo admite encontros com
Vaccari e doação ao PT a pedido de
Duque
Empresário da Toyo Setal disse ainda que propina na Diretoria de
Serviços era generalizada. E que diretores da estatal se associaram
ao clube do bilhão a partir de 2005
O executivo da Toyo Setal, Augusto Mendonça, um dos delatores do
esquema do petrolão, falou por mais de sete horas nesta quinta-feira à
CPI da Petrobras. Ele admitiu que fez doações eleitorais ao PT a pedido
de Renato Duque, então diretor de serviços da Petrobras - e que, segundo
o próprio Mendonça, também cobrava propina em contratos da estatal.
Também afirmou ter se reunido com o tesoureiro do PT, João Vaccari
Neto, aproximadamente dez vezes. O primeiro dos encontros, segundo
o empresário, se deu em 2008, quando Vaccari ainda não ocupava a
Secretaria de Finanças do partido. O executivo reconheceu que Duque
lhe pediu que procurasse especificamente por Vaccari na sede do PT
em São Paulo, para tratar de doações eleitorais.
Além de confirmar as doações feitas ao PT a pedido de Duque, o executivo
afirmou que esses valores eram descontados da contabilidade da propina
cobrada pelo então diretor. "Os pagamentos que eu identifiquei no meu
depoimento e somam aproximadamente 24 milhões foram feitos a pedido
de Renato Duque. Esses pagamentos eram vinculados a valores que eu
deveria passara para ele", afirmou o depoente. Ele disse ainda que João
Vaccari Neto lhe telefonava para cobrar os pagamentos quando havia
atraso de doações prometidas. "Do lado da diretoria de Serviços foram
feitos pagamentos, a maior parte deles no exterior, e foram feitas
contribuições ao Partido dos Trabalhadores a pedido de Renato Duque",
afirmou o executivo.
"Duque nunca verbalizou 'se você não contribuir vou te atrapalhar',
mas era uma coisa muito visível, muito evidente. A contribuição ali era
no sentido de não ser atrapalhado", afirmou o depoente, que fechou acordo
de delação premiada com a Justiça. As informações confirmam a tese dos
investigadores, de que parte da propina que circulava no esquema foi paga
via contribuições eleitorais legais em 2010. Ainda sobre a campanha
daquele ano, Mendonça afirmou ter se encontrado com o ex-presidente
Lula. "Naquela oportunidade, conversei com todos os candidatos à
presidência. Com a Dilma também estive algumas vezes", disse o executivo.
Ele ainda informou que se reuniu com o ex-ministro e mensaleiro
condenado José Dirceu "algumas vezes" para tratar de assuntos do
mercado offhore.
Augusto Mendonça também confirmou que sua companhia repassou
2,5 milhões de reais para a gráfica Atitude, ligada ao Sindicato dos
Bancários de São Paulo. Oficialmente, o valor foi usado para a compra
de um espaço publicitário em uma revista. Os investigadores da Lava
Jato estão convencidos de que a Atitude era usada por Vaccari para
receber propina de empresas como a Toyo Setal. Diante das revelações
sobre os encontros com Vaccari antes mesmo do petista se tornar
tesoureiro do partido, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) sentenciou:
"Em 2008 ele era agente de propina. Ele era assaltante da Petrobras.
E foi nessa condição que o senhor falou com ele". Vaccari sempre negou
ter arrecadado recursos para o PT antes de assumir o cargo de tesoureiro,
em 2010.
Cartel - Em seu depoimento, Augusto Mendonça também afirmou que o
cartel de empreiteiras formado para combinar o resultado de licitações
da Petrobras só se associou a diretores da estatal a partir de 2005, durante
o governo Lula. O empresário disse que o chamado "clube do bilhão"
surgiu na segunda metade dos anos 1990 - mas, naquela época, não havia
conluio com diretores da estatal. Isso só ocorreria anos depois, já durante
a administração petista.
"Lá pelo ano de 2005, 2006 o grupo foi ampliado e ganhou efetividade.
Ou seja, tinha mais condição de funcionar a partir do instante em que
houve uma combinação, com os diretores da Petrobras, das empresas
que seriam convidadas para participar das licitações", disse ele.
O depoente afirmou também que a cobrança de propina se dava de forma
generalizada dentro das diretorias de Serviços, comandada por Renato
Duque, e de Abastecimento, sob o comando de Paulo Roberto Costa.
"Essas duas diretorias só conseguiram fazer isso porque atuavam em
conjunto", disse ele. Além dos dois diretores, ele afirmou que tratava de
propina com Pedro Barusco, que era gerente sob o comando de Duque.
"Essas três pessoas são as pessoas que eu sei que estavam envolvidas
dentro da Petrobras".
Embora afirme não saber de desvios em outras áreas da Petrobras, o
depoente admitiu que o sistema de contratação deixava brechas.
"Não tenho a menor dúvida de que, dentro desse relacionamento entre
a Petrobras e as empresas fornecedoras, existem diversas oportunidades
de corrupção", disse ele.
O executivo também disse que começou a pagar propina depois de ser
procurado pelo ex-deputado José Janene (PP-PR), por volta de 2007.
"Ele se colocou como o responsável pela indicação do Paulo Roberto Costa
e afirmou que, se nós não fizéssemos uma contribuição a ele ou ao
Paulo Roberto em nome dele, nós seríamos duramente penalizados",
disse ele. Mendonça relatou que o então deputado, que morreu em
setembro de 2010, indicou o doleiro Alberto Youssef como o responsável
pelo recebimento da propina
...cada vez mais sujo esse filme do PT ! Porcaria de gente que usou a boa fé do povo brasileiro para roubar e deixar o país de rastos. Vão pagar por isso. O Brasil não vai esquecer. Vão gozar os milhões roubados no inferno.
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