Por: Duda Teixeira
Tragédia humanitária – O bote de 5 metros de comprimento em que o menino sírio Aylan Shanu viajava com os pais e o irmão mais velho emborcou a caminho da Ilha de Cos, na Grécia(Nilufer Demir/AP)
Quem poderá afirmar com certeza que Heródoto, o filho mais
famoso de Halicarnasso, hoje Bodrum, na Turquia, não tenha chutado distraído em
uma caminhada pela praia um dos seixos que cercavam o corpo de Aylan Shenu?
Como a injustiça e as guerras, os seixos resistem indiferentes ao passar dos
séculos. Heródoto viveu 59 anos no século V a.C. Foi o primeiro a fazer relatos
realistas, minuciosos e críticos de eventos da Antiguidade clássica. É chamado
de "o pai da história". Aylan tinha 3 anos. Todos eles vividos sob a
guerra civil síria, um conflito do século XXI mais bárbaro e desumano do que os
narrados por Heródoto, que tiveram lugar há mais de 2 500
anos, quando inexistiam conceitos como direitos humanos, respeito à vida ou
proteção às crianças. Hoje esses conceitos são automaticamente
recitados pelos homens públicos. Aylan morreu sem desfrutar nenhum deles.
Há uma pequena chance de que a morte de Aylan seja o marco do
limite máximo do descaso com a maior tragédia humanitária de nosso tempo, a dos
imigrantes que se lançam ao mar em embarcações precárias depois de perder a
própria pátria. O bote de 5 metros de comprimento em que o menino sírio viajava
com os pais e o irmão mais velho emborcou a caminho da Ilha de Cos, na Grécia.
Eles fugiam dos terroristas do Estado Islâmico, que, em nome da construção de
um califado, matam pessoas de todos os credos, torturam e estupram. Fugiam
também das forças do ditador Bashar Assad, que bombardeiam o próprio povo com
armas químicas. Quando Aylan nasceu, a Síria já estava em guerra civil. Ele
morreu sem conhecer a paz.
Somente neste ano, cerca de 2 600 pessoas morreram buscando chegar
à Europa pelo mar, dos mais de 300 000 que tentaram a travessia. Nos
últimos dias, as multidões atravessando fronteiras com pouco mais do que a
roupa do corpo em trens, a pé ou de bicicleta abriram, com a força do maior
fluxo de refugiados desde a II Guerra Mundial, fendas nas bem guardadas
fronteiras dos países europeus. Os que sobrevivem à travessia não são
bem-vindos na Europa. Eles são muitos. São pobres. Muito diferentes. São vistos
como ameaça. "Os que estão chegando cresceram em outra religião e
representam uma cultura radicalmente diferente. A maioria deles não é cristã,
mas muçulmana. A Europa tem uma identidade enraizada no cristianismo",
disse Viktor Orban, o primeiro-ministro húngaro, cujo governo está terminando
uma cerca de arame farpado na fronteira de seu país com a Sérvia para impedir a
entrada de novos clandestinos. A reação de Orban reflete o sentimento de um
número expressivo de moradores da Europa. Os europeus têm boas razões para
reagir defensivamente. Os imigrantes não têm alternativa. A situação em que os
dois lados de um conflito possuem razões legítimas e lutam para impô-las à força
tem o nome de tragédia.
Palco de duas guerras mundiais, revoluções sangrentas e
conflitos étnicos recentes, a Europa está cansada de tragédias. Essa é a chance
de que a morte de Aylan seja um marco de mudança para melhor na situação dos
fugitivos. A chanceler alemã Angela Merkel, com o bom-senso e a determinação
que a caracterizam, falou como uma líder: "Se a Europa falhar na questão
dos refugiados, essa não será a Europa que sonhamos". Do cenário de
desolação e abandono deixado pela II Guerra Mundial os europeus se reergueram
com a ambição de ser a antítese do passado intolerante e sangrento. "A
dignidade humana é inviolável. Respeitá-la e protegê-la é dever de toda
autoridade do Estado", lê-se no primeiro artigo da Constituição alemã de
1949.
Foi o Aylan ... Haidar e Zainab , http://www.ndtv.com/world-news/iraqi-family-buries-children-who-drowned-with-aylan-1215846 , milhares de euros para traficantes ao dispor de um barco velho e nem uns pouquitos euros para uns coletes , tinha de acontecer ou melhor de alguma forma acontece a todos por variadas maneira , ninguém cá fica para contar ... apenas a história para se ler um dia ... daqui a 100 anos .
ResponderExcluirMas o que interessa é saber porque existe tudo isto , culpa de Obama que recebe um Nobel da paz retirando 90 % das tropas do Iraque e afins de um dia para outro mergulhando aqueles países numa guerra civil abismal ?
Lembram-se de na guerra do Iraque os Americanos ficarem abismados de não terem encontrado armas de grande porte ?
Agora apareceram nas mãos do ISIS !
Tanto tempo agora para resolverem a guerra aquém interessa tudo isto ?
Quem patrocina as campanhas do ISIS ?
Eu sei , a quem lhes compra petróleo a preços dados e com umas armas em mistura de oferta !
Não me quero estender porque não sou "tapado" ... mas o que as TV´s mostram ao público e o que os governantes falam nem 10% mostra a barbaridade do ISIS e a razão porque fogem as pessoas ... ao fim ao cabo em Portugal existe desemprego , fome e miséria mas estou certo que os nossos jovens não nascem no abismo do terror .
Vejam estes vídeos ou fotos e saberão que Portugal embora tenha nascido num desacordo entre mãe e filho ( Afonso Henriques ) , ainda é um paraíso ou pé disto :
http://heavy.com/?s=isis
Milhares de Aylans já morreram na Síria ... outros milhares vão morrer a fugir ... e não acabam com a guerra na Síria ... porquê???
bike_evora@aeiou.pt