Pesquisadores desenvolvem célula
solar mais eficiente
Em estudo publicado na 'Science', cientistas sul-coreanos relatam
a criação de um material com mais de 20% de eficiência em
transformar energia solar em elétrica
Apesar de toda a atenção que se dá ao debate sobre mudanças climáticas,
um número pode parecer desanimador: hoje, 80% da energia consumida
mundo vem de fontes fósseis, como petróleo e carvão. Segundo estimativas,
porém, as energias renováveis representarão 40% do consumo até 2030
e 90% até 2060. Só que, para que se atinja essas metas, algumas evoluções
tecnológicas precisam ser realizadas. Uma delas é a melhora da eficiência
dos painéis solares, que ainda representam apenas 0,7% do total de energia
renovável consumida no planeta.
Está aí a importância do estudo divulgado nesta quinta-feira na revista
americana Science, em que pesquisadores coreanos revelaram uma nova
maneira para desenvolver células solares que conseguem converter 20%
da energia solar em elétrica. Para efeitos de comparação, a taxa usual do
mercado é hoje de 15%.
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As placas solares mais comuns são aquelas que têm a sua camada que
recebe a luz solar constituída por compostos do mineral perovskita.
O passo a mais dado pelos pesquisadores sul-coreanos foi sintetizar iodeto
de chumbo formanimídio para a captação de radiação solar. Esse composto
químico tem maior espectro de absorção solar, o que quer dizer que
consegue captar mais energia do Sol, melhorando o desempenho das
células das placas.
Além da eficiência energética, um outro empecilho para a popularização
da energia solar é o alto valor e a limitada capacidade de armazenamento
das baterias utilizadas na captação. Isso porque, sem esse dispositivo,
as casas equipadas com os painéis ainda dependem da rede pública de
energia para períodos sem Sol, como as noites. Como mostrou matéria
publicada em VEJA, pesquisadores estimam que a capacidade das
baterias de íon-lítio, aquela presente em smartphones e carros elétricos,
e que poderia conservar a energia fornecida pelos painéis, só poderá ser
aprimorada em 30%, o que deve acontecer nos próximos cinco anos.
Tal porcentagem precisa ser superada se a humanidade quiser seguir o
conselho de conservacionistas de substituir todas as fontes poluidoras
pelas renováveis até o fim deste século.
Esta notícia pode ser um pouco desanimadora, mas há, claro, espaço para
inovação e desenvolvimento. Um dos maiores exemplos desta constatação
é o empresário americano Elon Musk, que anunciou mês passado o
que ocupam os carros vendidos pela sua Tesla, a fabricante de
carros elétricos.
E mesmo quando o limite da íon-lítio for alcançado, outras possibilidades
devem aparecer. Há pesquisadores investigando opções de materiais com
eficiência muito maior, como baterias feitas de grafeno, magnésio ou
mesmo oxigênio.
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