Nova técnica se
estende, inclusive, a funcionários públicos sobre os quais não há
suspeitas. País está em uma cruzada contra a corrupção e já processou 4
mil altos funcionários.
Passar um dia atrás das grades se tornou a mais
recente estratégia da campanha anticorrupção do governo da China, que obriga
seus funcionários a visitar prisões como advertência a potenciais consequências
de seus atos. A Comissão Central de Inspeção e Disciplina, o braço
anticorrupção do Partido Comunista Chinês, organiza visitas de altos cargos e
seus cônjuges a presídios onde podem encontrar antigos colegas condenados por
práticas corruptas.
O objetivo, conforme anunciou o partido em
comunicado divulgado recentemente pela imprensa oficial chinesa, é que os
servidores públicos "sejam conscientes" das punições por corrupção e
"que exerçam seus poderes corretamente e sejam receptivos à supervisão do
partido". Nos últimos meses, as autoridades anticorrupção chinesas levaram
funcionários de vários ministérios para visitar as prisões. Em outros casos,
prepararam visitas exclusivas de cônjuges, para que transmitam a seus parceiros
a importância de evitar as práticas irregulares.
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Ao visitar as celas, a ameaça da prisão é sentida
mais de perto e, por enquanto, a experiência não está deixando os servidores
públicos indiferentes. "Os funcionários e suas esposas ficaram muito
impactados. Observar o horror que é perder a liberdade e o prestígio choca
muito, mas penso que os mais jovens ficam impressionados com o fato de poderem
ficar ali por muitos anos", explicou um funcionário chinês que prefere ser
identificado apenas por seu sobrenome, Wang.
Com a nova técnica de visita ao presídio, a luta
contra a corrupção empreendida pelo presidente da China, Xi Jinping, adquire
uma nova dimensão, porque se estende, inclusive, a funcionários sobre os quais
não há suspeitas. "A corrupção não deve ser apenas castigada. Preveni-la é
ainda mais importante. Não se pode punir apenas o efeito. É preciso criar uma
consciência para não querer ser corrupto", publicou recentemente o jornal
Diário do Povo, voz do Partido Comunista, em um editorial no qual pede mais
"firmeza" para eliminar de vez estas irregularidades.
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Campanha -
Desde a ascensão de Xi ao poder, a China empreendeu uma incansável campanha
anticorrupção que investigou uma centena de dirigentes ministeriais. O
presidente chinês comprometeu-se a agir contra "moscas e tigres" - em
referência a funcionários de baixa patente e aos políticos graduados -, não poupando
ninguém, independentemente da sua posição. Apenas no ano passado mais de 4.000
altos funcionários da burocracia chinesa foram processados por corrupção,
enquanto o ex-ministro de Segurança Pública, Zhou Yongkang, a vítima mais
ilustre e simbólica desta campanha, está à espera de julgamento. O afã de
limpeza das práticas corruptas do governo não se limita ao âmbito político e
chegou ao todo-poderoso Exército chinês, atingindo o seu ex-número dois Xu
Caihou, falecido em março, que caiu em desgraça após protagonizar um dos
maiores escândalos da história do país.
(Da redação)
vejaonline