Tem virado lugar comum e fala em “falta união entre Vera Cruz e Itaparica”... Se associando a justificativas como a ausência de controle algum no fluxo de chegada, cada dia mais intenso, de veículos e pessoas pelo Ferry Boat, que seria também fruto desta “falta de união” fomentada pela Prefeita na versão simplória do “ofício”, que, milagrosamente, faria o Governo tomar providências “do lado lá” (que após mais de 100 dias de pandemia não foram tomadas).
Assim vamos pra 04 meses de ferry chegando “do lado de cá” durante a pandemia, onde a vinda continua tranquila, a maré é boa de provar e nenhuma providência é tomada naquela que é a verdadeira entrada da cidade de Itaparica.
Sem barreiras sanitárias, sem as equipes que anunciou em todos os jornais e posicionou, um único dia, na saída dos portões do ferry e na ausência de atitude, restou à Prefeita o papel de alimentar o discurso da “falta união”, entre Vera Cruz com Itaparica.
Respondo: Falta união, em primeiro lugar, de Itaparica com Itaparica. Da gestão com a cidade... Praia dos búzios é Itaparica? É. Marcelino é Itaparica? É. Bom Despacho é Itaparica? É... Então por que a gestão diz que pra entrar em Itaparica precisa de comprovante de residência, se o viajante ao chegar do ferry pode ir se banhar na praia dos búzios (Itaparica), entrar em bairros como Marcelino (Itaparica), parar para fazer compras em Bom Despacho (Itaparica), e ter acesso livre a qualquer destes bairros do território da cidade, sem que antes tenha que passar por qualquer barreira sanitária ? Não ter barreira no ponto de entrada da sua própria cidade, seria falta de união com Vera Cruz ou com a própria Itaparica?... Senhoras e Senhores: Um Prefeito não tem o poder de ignorar o mapa real da cidade e criar um mapa mental para proteger a parte do território que lhe convém. É preciso protegê-lo por inteiro. Escolher um ponto da via beira mar, e não a saída do ferry, para por uma barreira sanitária é como se em Vera Cruz escolhêssemos Barra Grande, e não a cabeceira da ponte do funil, deixando quem chega com acesso livre a Matarandiba, Jiribatuba... Não é isso que acontece hoje em Itaparica?...
Aí vem o outro argumento que a Prefeita Marlylda e seus assessores se apressam em reproduzir: “ahh mas nem todos que chegam no ferry vão pra Itaparica”, o que deixa óbvio, apenas para eles, que as barreiras devem ser recuadas. Respondo: Pois nem todos que chegam pela ponte do funil vão pra Vera Cruz, deveríamos então não termos a barreira lá? Nem todos que chegam pelas lanchas ficam em Vera Cruz... Deveríamos então não fazer barreira nas lanchas? Falta à Prefeita, a visão de Ilha...precisamos sim, de governos de coalizão, mas precisamos antes de tudo de Prefeitos com visão da ilha como um todo, e protegendo as suas portas de entrada, até porque somos, por definição, uma porção única de terra cercada por água. Posicionar as barreiras sanitárias logo nas entradas, antes do trânsito ser livre pra qualquer parte desta Ilha, é o óbvio ululante. Uma gestão que se recusa a fazer barreira sanitária na sua própria porta de entrada, e ao recuar as barreiras ainda impede o morador de uma cidade da ilha a entrar na outra, não faz um governo de coalizão, faz um governo de colisão.
Os moradores da Ilha só não conseguiram entender o absurdo de se exigir comprovante de residência de Itaparica para o morador de Vera Cruz entrar, porque não replicamos a medida. Se, do outro lado da pista, Vera Cruz, fizéssemos o mesmo com o “só passa pro lado de cá com comprovante de residência de Vera Cruz” travaríamos o trânsito entre as duas cidades da ilha, inviabilizando as rotinas mais básicas dos moradores, pois somos integrados de tal forma que até mesmo a delegacia de polícia de Itaparica fica em Vera Cruz. Uma desunião da nossa parte seria replicar a medida, que de tão grotesca iria praticamente inviabilizar o fluxo interno dentro da ilha, motivo pelo qual só uma das gestões pôde se dar ao luxo de cometer erro tão grosseiro.
Aí vem a ironia: Enquanto vários moradores de Vera Cruz voltam da barreira na Biribeira ou Beira Mar, os viajantes de qualquer lugar do mundo acessam a parte do território de Itaparica que continua sem barreira alguma. Paralelo a isto, mantemos o acesso livre em Vera Cruz aos moradores de Itaparica, Inclusive a todos que estão a frente das barreiras sanitárias da própria cidade, desprotegidos, nesta parte do território de Itaparica que acumula o maior número de casos confirmados, e que é justamente o que não tem barreiras, com fluxo livre pra qualquer viajante. Alguém saberia justificar o porque para estes bairros não há necessidade de comprovante de residência, aferição de temperatura, barreira sanitária, nada?... Então antes de questionar uma "falta de união" de Vera Cruz com Itaparica, se pergunte sobre a falta de união mais primária: A de Itaparica, com Itaparica...
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