Texto sugerido pelo Comte. da 5ª CIPM, Major Fábio Dias:
Há alguns anos, a Universidade de Stanford (EUA), realizou uma
experiência de psicologia social. Deixou duas viaturas idênticas, da mesma
marca, modelo e até cor, abandonadas na via pública. Uma no Bronx, zona pobre e
conflituosa de Nova York e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da
Califórnia. Duas viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações
muito diferentes e uma equipe de especialistas em psicologia social estudando as
condutas das pessoas em cada local.
Resultou que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada
em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram
tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar,
destruíram.Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se
intacta.
Mas a experiência em questão não terminou aí. Quando a viatura
abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana
impecável, os pesquisadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto. O
resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a
violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro
pobre. Por quê que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente
seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso? Evidentemente, não é
devido à pobreza, é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as
relações sociais.
Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma idéia de
deterioração, de desinteresse, de despreocupação. Faz quebrar os códigos de
convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras. Induz ao
“vale-tudo”. Cada novo ataque que a viatura so fre reafirma e multiplica essa
idéia, até que a escalada de atos cada vez piores, se torna incontrolável,
desembocando numa violência irracional.
Baseados nessa experiência, foi desenvolvida a ‘Teoria das Janelas
Partidas’, que conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a
sujeira, a desordem e o maltrato são maiores. Se se parte um vidro de uma janela
de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os
demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não
importar a ninguém, então ali se gerará o delito.
Se se cometem ‘pequenas faltas’ (estacionar em lugar proibido,
exceder o limite de velocidade ou passar com o sinal vermelho) e as mesmas não
são sancionadas, então começam as faltas maiores e delitos cada vez mais
graves.Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das
crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pesso
as forem adultas.
Se os parques e outros espaços públicos deteriorados são
progressivamente abandonados pela maioria das pessoas, estes mesmos espaços são
progressivamente ocupados pelos delinquentes.
A Teoria das Janelas Partidas foi aplicada pela primeira vez em
meados da década de 80 no metrô de Nova York, o qual se havia convertido no
ponto mais perigoso da cidade. Começou-se por combater as pequenas
transgressões: lixo jogado no chão das estações, alcoolismo entre o público,
evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados
foram evidentes. Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer do metrô um lugar
seguro.
Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York,
baseado na Teoria das Janelas Partidas e na experiência do metrô, impulsionou
uma política de ‘Tolerância Zero’. A estratégia consistia em criar comunidades
limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às norm as de
convivência urbana. O resultado prático foi uma enorme redução de todos os
índices criminais da cidade de Nova York.
A expressão ‘Tolerância Zero’ soa a uma espécie de solução
autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção
e promoção de condições sociais de segurança. Não se trata de linchar o
delinqüente, pois aos dos abusos de autoridade da polícia deve-se também
aplicar-se a tolerância zero.
Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas
tolerância zero em relação ao próprio delito.Trata-se de criar comunidades
limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência
social humana.
Essa é uma teoria interessante e pode ser comprovada em nossa vida
diária, seja em nosso bairro, na rua onde vivemos.
A tolerância zero colocou Nova York na lista das cidades seguras.
Esta teoria pode também explicar o que acontece aqui no Brasil com
corrupção, impunidade, amoralidade, criminalidade, vandalismo, etc.
Tolerância Zero seria difícil de implantar na ilha quando:
ResponderExcluir1. As "janelas" dos veículos da polícia (PM e Civil) já estão "partidas" (faróis e indicadores).
2. A prefeitura partiu suas próprias "janelas" deixando todos os bairros em uma completa estado de degradação.
Bom exemplos não temos.