sábado, 13 de maio de 2017

Depoimento de Lula, aproxima a sua prisão

Texto sugerido por Ricardo Spinola

Por Claudia Wild

Bom, aos que acharam que o depoimento do ex-presidente Lula da Silva foi um sucesso (para sua defesa), aqui vai a opinião de quem trabalhou por mais de uma década com o Direito Penal e deve ter feito muitas audiências de interrogatório de centenas de acusados. 

Lula estava nervoso, muito nervoso. Tentava aparentar uma calma que não tinha. Foi contraditório em várias partes do depoimento (quando por exemplo disse que resolveu conversar com Renato Duque e perguntar-lhe se tinha contas no exterior, quando anteriormente declarou que ele -presidente e petista - *não tinha qualquer responsabilidade nos atos criminosos de seus indicados* à Petrobrás: Duque era indicação do PT).

Se não tinha responsabilidade, qual a razão de ir atrás do indicado? 

Lula foi acintoso para com o Juízo e Ministério Público. Foi debochado, cínico, arrogante, tentou armar seu palanque diante do ato processual, repetindo a tese tosca de que estava sendo perseguido por ter feito um governo excepcional, voltado para o povo do Brasil, fato que se falso ou verdadeiro, é absolutamente  irrelevante para a análise do mérito, pois na verdade existem centenas de provas mostrando a ligação entre as propinas e a aquisição fraudulenta de dois imóveis de uso e desfrute de Lula e sua família.

Ele não soube explicar por exemplo, o que os documentos do apartamento do Guarujá estavam fazendo em sua residência em São Bernardo do Campo.

Não soube explicar também, as notas fiscais sobre as reformas, as visitas de familiares e etc.

Se não havia a menor intenção na aquisição do imóvel (como declarou), as tais provas não existiriam - elementar!

A defesa de Lula mostrou-se pueril por sustentar a tese de que a falecida D. Marisa, se fez alguma transação comercial  com Leo Pinheiro e a OAS sobre o triplex, o fez por conta própria e sem a aquiescência do marido.

Ora! Que idiotice! Afinal, nota-se claramente que é uma estratégia inescrupulosa  da defesa *para jogar a culpa numa finada e inexpressiva pessoa*, a falecida esposa do acusado. 

O desmonte desta infantilidade se daria, por exemplo, pelo fato de que a falecida senhora não dispunha de recursos financeiros para adquirir um bem de elevado valor (ainda que tivesse uma conta recheada de pixuleco, ninguém saca  R$ 2 milhões  de sua conta corrente, sem que isso não seja notado).

Dona Marisa não era de família endinheirada, não  exercia uma profissão rentável e, salvo engano, recebia uma aposentadoria de um sindicato cumpañero, de mais ou menos *R$ 20 mil*.

Caso ela quisesse (ainda que para proporcionar uma surpresa ao amado marido)  comprar o apartamento teria que necessariamente recorrer ao cônjuge para pagamento e desdobramentos burocráticos.

Uma simples checada no imposto de renda da citada pessoa e do acusado (que deve ser conjunta) *já aniquila esta infantilidade de advogado nefelibata*, que pensa ser a justiça pouco inteligente ou que desconsidera as provas materiais da denúncia.

Vejam que a tese é tão estapafúrdia e mostra-se tão  artificial que é usada como “álibi“ de Lula para se eximir do recebimento da propina ou  da compra do imóvel. 

Exatamente o contrário do que fez a advogada Adriana Ancelmo (também usando de artifícios) que se passou por uma  servil Amélia, dizendo nada saber sobre os ganhos do marido e que não questionava os gastos astronômicos da família, pois sua relação com o ex-governador Sérgio Cabral era de confiança, apenas matrimonial e jamais patrimonial. 

A advogada bem sucedida, conhecida no meio jurídico por transações milionárias e por chefiar um grande escritório de advocacia era uma reles e submissa Amélia.

Já  Dona Marisa, a analfabeta dona de casa, era uma resoluta  mulher de negócios, que comprava imóveis no valor de R$ 2 milhões no famoso litoral de São  Paulo como investimento, conforme declarou seu marido, pois "inclusive não gostava de praia“ (sic).

Sinceramente, no tempo em que militava nos tribunais, os advogados eram bem mais inteligentes e apresentavam outra postura no trato com a defesa de seus clientes.

O advogado deveria pelo menos ter tentado desconstituir as provas materiais da denúncia (se é que isto seria possível), mas não, ele preferiu afrontar a inteligência de uma equipe seleta de promotores de justiça e de um juiz que já condenou 90 pessoas por todo tipo de corrupção. 

O método usado pela defesa foi inadequado. Ainda que exista o glorioso e aparelhado  STF para colocar na rua e absolver o camarada Lula, certamente na primeira instância, o ensaboado bravateiro *será carimbado como réu*.

Já não se fabricam mais advogados como antigamente, nem na civilidade, postura ética, ou na formação técnica. Paulo Freire aplaudiu a audiência na República de Curitiba! Neste caso excepcional, o Brasil agradece.


*Claudia Wild*
Advogada / brasileira / mineira / residente na Alemanha
Criminalista com avançado estudo em política e geopolítica.

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