Texto sugerido por Eduardo Cardoso Ribeiro
Por Maria Lucia
Victor Barbosa:
Nos noticiários as TVs apresentam
amenidades, acidentes, notícias do exterior, poucas notas políticas. Tudo
repetido à exaustão. O Brasil de férias quase não toma conhecimento dos
recorrentes assaltos à coisa pública, que vão sendo descortinados por delatores
loucos para salvar a pele. Eles venderam a alma ao "diabo" do PT e agora estão
pagando com juros e correção monetária.
Enquanto isto o melado com o qual o PT se
lambuzou continua a percorrer distâncias e vai envolvendo figuras do alto
escalão governamental. Parece a lama sinistra que se abateu sobre o distrito de
Mariana soterrando tudo, matando gente, invadindo lonjuras, contaminando rios,
confiscando o azul dos mares. Foi a maior catástrofe ambiental já havida no
País, assim como a avalanche de melado da corrupção da era PT não tem comparação
com as roubalheiras do passado, tal seu grau de institucionalização e
volume.
Interessante é que o autor da frase, "o PT
se lambuzou", ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, agora se encontra
lambuzado, sendo que outros ministros comeram também bastante do melado. Pelo
menos é o que se lê no O Estado de S. Paulo, de 8 de janeiro de 2016:
"Lava Jato – Além de Jaques Wagner, Edinho
Silva (Comunicação) e Henrique Alves (Turismo) são citados em diálogos do
empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, condenado a 16 anos de prisão".
Também é mencionado no respectivo jornal o
atual presidente da Petrobras, Aldemir Bendine. Ao mesmo tempo, o notório
Cerveró, ex-diretor da Petrobras, menciona Jaques Wagner em algumas grossas,
como diria Lula da Silva, maracutaias.
Nada acontece com o presidente de fato, que
depôs pela quarta vez na Polícia Federal sobre uma generosa medida provisória
que beneficiou um de seus filhos. E enquanto seus outrora "amigos íntimos",
aqueles que privaram de sua intimidade, que festejaram juntos em magníficos
banquetes, que se divertiram com Brahma em suntuosas viagens estão vendo o sol
nascer quadrado, "o pobre operário" segue indiferente à desdita dos companheiros
de partido e "das zelites". Não sei se esse traço de personalidade é próprio da
humanidade como um todo ou mais acentuado em certos indivíduos sem
caráter.
Em todo caso, o espertíssimo ex-presidente
da República, grande beneficiado da locupletação geral não sabe de nada, não viu
nada e, se duvidar, não conhece nenhum imbecil que caiu na esparrela, conforme
taxou o senador petista e ora detento, Delcídio Amaral.
Lula da Silva foge dos "imbecis" como o
diabo da cruz. Eles podem contaminar seu projeto de poder. Afogá-lo no pote de
melado. No momento vislumbra-se apenas um fiozinho de melado a lhe escorrer pela
barba. Foi posto por Cerveró que o mencionou quase que de passagem, a lembrar de
que até a sorte acaba um dia nesse mundo de finitudes. Nada, porém, de previsões
açodadas porque Brahma ou Boi até agora escapou. Ele conta com proteções
internas e possivelmente externas, como as do Foro de São Paulo.
Há de se convir que o PT ainda detém força
suficiente para evitar males piores. Exemplo disto foi o anteparo do STF que
evitou por duas vezes o impeachment de Rousseff, com evidente e indevida
intromissão no Legislativo. Ela ficará por mais três anos sem nenhuma condição
de governabilidade, fazendo discursos que são peças de propaganda enganosa a se
desmanchar na primeira ida das donas de casa ao supermercado. Enquanto isso o
País afundará cada vez mais na recessão e na sua insignificância de potência
regional sul-americana, a ser suplantada pela Argentina sob a presidência de
Mauricio Macri.
Seguem-se outros exemplos do poder petista,
como aqueles que tentam torpedear a extraordinária e inédita Operação Lava-Jato.
É o caso do chamado desmonte da PF através do corte de R$ 133 milhões no seu
orçamento. Foi votado no Congresso, mas tem evidente dedo do Executivo. Outro
exemplo foi o da medida provisória assinada por Rousseff, que altera as bases da
Lei Anticorrupção. Desse modo, se aprovada no Congresso empresas corruptas
poderão fazer acordos de leniência com a CGU sem precisar colaborar com as
investigações nem prestar contas ao TCU. Também poderão fechar contratos com o
governo e receber verbas públicas. Não faltam também investidas do ministério da
Justiça contra o competente e ilibado juiz Sérgio Moro.
Sem dúvida, o PT resiste diante do mar de
melado que o submerge. Seu grande teste, porém, será nas eleições municipais
desse ano. Se o povo achar que são lícitas as doçuras corruptas do poder,
enquanto amarga a inflação, o desemprego, a inadimplência, ótimo para os
petistas. Se não Lula terá, em 2018, que pensar em outro plano B.
No passado escolheu José Dirceu, depois
Antonio Palocci e deu no que deu. Agora Jaques Wagner era (ou é?) o plano B, mas
comeu muito melado. Dilma, a "faxineira", vai mantê-lo no cargo? Certamente, mas
nem tomando banho de ervas e sal grosso, Jaques Wagner, codinome compositor, se
livrará do melado.
Maria Lucia Victor Barbosa é
socióloga.
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