Imagem do general Antônio Hamilton Martins Mourão - Divulgação / Exército Brasileiro
POR RENATA MARIZ
POR RENATA MARIZ
BRASÍLIA — O comandante do Exército,
general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, exonerou ontem o chefe do Comando
Militar do Sul, general Antônio Hamilton Martins Mourão, que fez críticas à
presidente Dilma Rousseff em palestra proferida em 17 de setembro, no Rio
Grande do Sul. Mourão foi transferido para a Secretaria de Economia e Finanças
da pasta, um cargo burocrático em Brasília.
Na palestra, o militar afirmou que a
saída da presidente Dilma não mudaria o “status quo”, mas que a “vantagem da
mudança seria o descarte da incompetência, da má gestão e da corrupção”. Nos
slides da palestra, Mourão apresentou mensagens como “mudar é preciso” e falou
em “despertar para a luta patriótica”.
Além disso, o general disse que “a
maioria dos políticos de hoje parecem privados de atributos intelectuais
próprios e de ideologias, enquanto dominam a técnica de apresentar grandes
ilusões”.
HOMENAGENS A USTRA
As declarações repercutiram mal no
Ministério da Defesa. Para completar a insatisfação do governo com o general,
recentemente ele teria estimulado integrantes do Comando Militar do Sul a fazer
homenagens ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do órgão
repressor da ditadura militar, falecido recentemente.
Comandante do exército, general Eduardo
Dias da Costa Villas Bôas -
Michel Filho / Agência O Globo
O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, deu
carta branca ao general Villas Bôas, do Exército, para tomar as medidas
cabíveis. Os dois acertaram, então, a exoneração de Mourão, que foi
oficializada ontem. Para o lugar dele foi escolhido o general Edson Leal Pujol,
que comandou as tropas brasileiras no Haiti.
Ontem, em resposta a um requerimento
feito pela Comissão de Relações Exteriores do Senado, o ministro Aldo Rebelo
disse que determinou ao Comando do Exército que tomasse as “providências, com a
brevidade e o rigor que o caso requer”, referindo-se às declarações de Mourão.
A informação foi repassada ao Senado por meio de ofício.
"LUZ AMARELA"
De autoria do senador Aloysio Nunes
Ferreira (PSDB-SP), o pedido de informações endereçado ao ministro pedia
esclarecimentos sobre declarações atribuídas ao general Mourão. Para
fundamentar o requerimento, o senador citou artigo do historiador José Murilo
de Carvalho publicado no GLOBO sob o título “Luz amarela”.
No texto, o historiador, que saiu em
defesa da presidente Dilma Rousseff e contra os movimentos pelo impeachment da
petista, afirmou que não havia riscos de abalos constitucionais até surgirem as
declarações de Mourão.
De
acordo com o artigo, o general disse, para uma plateia de subordinados, “que
ainda tínhamos muitos inimigos internos, mas que eles se enganavam achando que
os militares estavam desprevenidos”. O general também teria desafiado: “Eles
que venham!”
O
senador tucano quer saber se as declarações são verdadeiras e se há previsão
nos procedimentos éticos das Forças para coibir manifestações que comprometam a
ordem democrática.
No
ofício de resposta, Rebelo apenas informou que pediu providências para
“assegurar que o Exército continue a se pautar no estrito cumprimento de sua
missão constitucional”, sem informar a exoneração do general, que acabou sendo
oficializada ontem. (Colaborou Cristiane Jungblut)
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